domingo, 12 de junho de 2011

CIDADE PLANADOR



ATENÇÃO! ATENÇÃO! Depois de um longo tempo, cá volto pra mais uma série de pataquadas a esmo. Atendendo a pedidos calorosos de meus pais e pra desespero do restante da minha lista de endereços, volto a este espaço pra pouco dizer, confundir um cadinho mais e em lugar nenhum chegar. Alô! Alô! Lúcio Costa... onde fica o trem de pouso dessa joça?

Pois bem, estava com saudades de poder me dar esse prazer de voltar a escrever bobagens. Depois que sai do Acre vivenciei tanta coisa nova ao mesmo tempo e em tão pouco tempo que não tive como passar por aqui. Aliás, ao que parece, não é só na minha vida não. Já perceberam como esse ano já passou da conta? O que aconteceu nos últimos 6 meses faz com que 2011 se torne uma forte candidata ao título do “ano que já deu o que tinha que dá”. Vou te dizer viu: se não é o fim dos tempos, é o primeiro bis... não é possível!. Acompanhe comigo os últimos 6 meses: o “derretimento” catastrófico da região serrana do Rio, a terra em transe no Japão, a usina nuclear construída na terra em transe do Japão (não, não foi em Portugal), a chiadeira com o Tiririca na comissão de educação da Câmara (não pode?), o “pinçamento” de Bin Laden no Paquistão, o doente “bulynado” de Realengo, o assalto a mão armada ao código florestal, tucanaram o casamento gay (agora é união homoafetiva...ui!), a morte da Eguinha Pocotó, o dom divino da multiplicação do Palocci, o desapego religioso nas revoltas árabes, o encontro do avião no chão do mar... Ufa! 2012, cadê você?

Mas, a bem da verdade, a despeito da avalanche de fatos que vem nos atropelando, a novidade ao meu olhar ainda é essa tal cinquentona Brasília. Já ouviu falar? Pois é, a nossa tão (mal) falada capital tem cheiro de coisa nova pra esse escritor que vos escreve e, por isso mesmo, vou me dar o direito também de colocar minha colherada nessa cumbuca. Como não? Se já me arrisquei a falar bem e mal do Acre por 7 anos, como agora vou me acovardar com o Planalto Central? De modo algum. E como sempre tive a sorte de gostar dos lugares por onde passei (Brasília não é diferente), além daqui ser a capital do meu país (e por isso quero explicações!), me sinto muito a vontade em futricar por essas bandas.

Com o seu jeito de “maquete em tamanho natural”, Brasília é um paradoxo. Ao mesmo tempo em que não tem nada a ver com o Brasil, ela é cara do país. Construída numa lógica “rodocartesiana” de enxergar a vida, a nossa capital se parece com o Brasil justamente no que tenta negá-lo: as desigualdades escondidas em suas tesourinhas. Brasília é uma cidade que, a quem chega, faz questão de deixar o seu recado: “Assim como o poder, eu sou para poucos, não dou explicações, vim pra cá ganhar dinheiro e fujo nos finais de semana”. Pois é, a considerar que ela é a capital do Brasil, percebê-la de nariz empinado e cheia de não-me-toques, é bastante sintomático e, muitas vezes, antipático.

Com o apartheid de suas linhas e desenhada como um avião, Lucio Costa não planejou (será que não?) o “bagageiro” em que se transformaram as cidades satélites no entorno do Plano Piloto. Grandes “cidades dormitórios”, o cinturão no entorno de Brasília é possível ver algo do irradiamento da riqueza vinda das margens do Paranoá. Mas a sua grande característica ainda é uma ausência crônica do Estado que faz de algumas delas estarem entre as mais violentas do mundo. Isso a 20, 40 quilômetros do Palácio do Planalto.

Mas ao contrário do que vocês devem estar pensando, os brasileiros comuns tem seu playground no Plano Piloto. Tá pensando o quê?! Mas é pra olhar e desocupar rapidinho... como se sabe, não se pode facilitar com esse povo brasileiro. Deixa que eu explico:

Pra quem não conhece Brasília, o cruzamento das asas do avião com o corpo do avião, fica a rodoviária do Plano Piloto. Ali chegam e saem os ônibus que correm todo o Distrito Federal. Ela fica de frente a Esplanada dos Ministérios. Acima da rodoviária é um imenso viaduto, não só de carro, que você acessa por ela. Uma espécie de terraço da Rodoviária. De lá você tem uma vista privilegiada da Esplanada dos Ministérios, com o Congresso Nacional ao fundo. É dali que o povo que vem das cidades esquecidas do entorno de Brasília, tem o contato com o poder em Brasília. É dali, e somente ali, que o desenho de Brasília propicia o acesso ao “brasileiro que anda de ônibus” ao poder em Brasília. É apenas uma vista ao longe, que de tão fria dá a mesma sensação que você tem ai da televisão.

Fico pensando de como era a capital do país no Rio de Janeiro e toda aquela miscelânea de gente, naquele emaranhado do traçado urbano carioca. Apesar de gostar de simetria, ainda vejo mais charme no “compromisso com o caos” das cidades não planejadas, onde as ruas e os becos ainda ganham nome de gente.

Hoje temos uma capital com o “pequeno detalhe” de não entender o país e um país que não se enxerga na sua capital. No entanto, acreditem, Brasília é Brasil. Não tenho dúvidas de que nossa capital é uma grande façanha brasileira, de um tempo em que entendíamos esse imenso continente como “de Osasco pra lá, é tudo Mato Grosso”. Talvez seja isso: de tão impressionante e diferente, nossa capital é um grande avião que decolou... mas não aprendeu a aterrissar.

Felipe Mendonça
Servidor Público e morador do suvaco da Asa

domingo, 29 de maio de 2011

COMO DECIFRAR ESSE CÓDIGO?


Claudia Conceição Cunha
Felipe Cruz Mendonça

Durante os meses de abril e maio deste ano acompanhamos mais um capítulo da novela sobre o Código Florestal brasileiro. Arrisco-me a dizer que centrar-se apenas no código é simplificar demais a situação que apenas representa uma parte da questão maior, que diz respeito ao uso do território brasileiro e sua destinação.

Como toda novela, conseguimos identificar supostos vilões, mocinhos, romances e cenas do próximo capítulo.

Vilões: para um lado, o dos ruralistas e do relator da proposta de reforma do código florestal, Deputado Federal Aldo Rebelo (PC do B), os vilões estão representados pelos ambientalistas ancorados por setores externos ao país. Por seu lado, os ambientalistas identificam como os bandidos da história os ruralistas e seu novo porta-voz, deputado Aldo Rebelo.

Mocinhos: obviamente, cada um se considera mocinho, entretanto o que os caracterizaria como tal, merece destaque: os ruralistas defendem que eles garantem a comida no prato do brasileiro (quiçá a alimentação mundial) e, de quebra, ainda fazem balançar a balança comercial. Os ambientalistas, por sua vez, se arvoram por defender a humanidade, apontando questões que são importantes para evitar o tão temido aquecimento global.

Romances: Pode parecer “forçação” de barra de minha parte, mas não dá para deixar de citar o apego do deputado Aldo Rebelo com a bancada ruralista. Fato que chamou a atenção de muitos, especialmente pelo “C” contido na sigla do seu partido que, esperava-se fosse mais que uma letrinha e representasse o Comunismo, que por definição, se opõe à propriedade privada, defendida com unhas e dentes pelos representantes do agronegócio.

Bem, somados a esses elementos básicos que toda novela tem, encontramos intrigas, denúncias e algo que queremos destacar aqui: o “não dito”. Afinal, se TUDO fosse dito nos capítulos da novela, o novelo não se desfiaria lentamente sustentando a audiência por meses seguidos.

O que achamos que está faltando na discussão para “decifrar” esse código? Os interesses por trás de sua regulamentação. O que está em jogo não é o tamanho de área protegida ao longo dos rios e sim a área de plantio para agronegócio. O que está em discussão não é a anistia à recuperação de área irregularmente desmatada até 2008 e sim o aumento de área disponível para agropecuária. Ou seja, está em disputa o que acreditamos que realmente “balança” esse país. Quem nos alimenta? A pequena agricultura familiar ou o agronegócio? Nos alimentamos de banana, farinha, feijão e arroz ou de soja, cana de açúcar e algodão?

Está em jogo o modelo de desenvolvimento agrário que se quer para o país. É um país para pequenas propriedades rurais ou para latifúndios? É para produção de alimentos ou de commodities? Aliás, cabe aqui um destaque levantado pelos movimentos sociais ligados à questão agrária, quando denunciam que no relatório do deputado Rebelo o termo agricultor familiar é substituído pela denominação produtor rural, “em uma desconstrução do conceito de agricultura familiar e campesinato”, que contém a história do movimento pela reforma agrária e pela propriedade da terra.

Nunca é demais lembrar que o Código Florestal brasileiro (Lei nº. 4.771, de 15 de setembro de 1965), está sendo reeditado por medidas provisórias permanentemente. A necessidade de mudança é evidente diante da avalanche de remendos que hoje ele é. Sejam ambientalistas ou ruralistas, a visão de que é preciso mudar é de todos. Entretanto, por motivos diferentes, como se pode ver. Aliás, essa é uma das características da legislação ambiental brasileira. Há diversas leis ambientais que necessitam ser revistas. Elas só não entram em pauta por sugestão da área ambiental, pelo receio de que ao abrir para discussão, a possibilidade de retrocesso, como vemos com o Código Florestal, seja bastante provável.

Bem, o mais recente capítulo dessa novela, presenciamos no último dia 24 de maio quando a proposta de relatório de Aldo Rebelo foi aprovada na Câmara dos Deputados por uma maioria esmagadora de 410 votos a favor e 63 votos contra. A acachapante vitória se deu com mais um ingrediente “privado” com o acordo da bancada ruralista com o governo para evitar a convocação do ministro Palocci para dar explicação ao “milagre da multiplicação de seu patrimônio em efetivo exercício de cargo público”. Mais uma vez o meio ambiente e a sobrevivência dos pequenos agricultores colocados em segundo plano em nome da “governabilidade”. Aliás, é emblemático o fato de que no Pará, neste mesmo dia, duas lideranças, militantes de resistência à expansão do agronegócio na região, foram mortos em uma emboscada.

Pois esse é o enredo meus caros: numa época em que a Região Serrana do Rio “derrete” suas áreas de preservação permanente, altamente depredada pela ocupação irregular; que nossos mananciais de água doce ficam cada vez mais poluídos e minguados; que batemos recordes de emissão de carbono queimando nossas florestas (muitas em áreas de preservação permanente), o projeto de lei aprovado vai fundo no uso privado e devastador da terra, descartando sua função social e ambiental.

As cenas do próximo capítulo serão os momentos de negociação que antecedem a votação no Senado. Nesse meio tempo precisamos intensificar a mobilização e apropriação da proposta assim como identificar aliados que se contraponham a esse enorme retrocesso na área socioambiental. E você... Já decifrou esse código?

originalmente publicado na revista eletrônica VERBO 21 (www.verbo21.com.br) na coluna Verde que te quero Verde

sábado, 28 de maio de 2011

ONTEM HOJE SEMPRE

"Finalmente o amor retraduzido em natureza! Não o amor de uma virgem sublime! Mas o amor como fatum, cínico, inocente, cruel – e precisamente nisso natureza! O amor que em seus meios é a guerra, e no fundo o ódio mortal dos sexos!"

Friedrich Nietzsche

Acabo de assistir a nova Carmen do Metropolitan, estreada em 2010 e, arrebatado, não pude deixar de escrever aqui. Pois passados 23 anos desde as hoje lendárias interpretações de Agnes Baltsa e Jose Carreras, descubro que a célebre companhia novaiorquina tem novamente uma Carmen fiel aos mais profundos e obsessivos anseios antiwagnerianos de Nietzsche. A busca pela tragédia livre das castrações físicas e espirituais de Parsifal, símbolo absoluto da decadência moral burguesa e cristã.

Mais que a história de uma cigana, Carmen é um poderoso mito sobre a liberdade, provocativa e perigosamente encarnado no corpo e na alma de uma mulher que ousava ser dona de seu próprio destino. É este mito brilhantemente criado por Bizet e compulsivamente incensado por Nietzsche em suas duas últimas décadas de existência que, avassaladoramente, ganha vida nesta nova montagem do Met, que tal qual aquela de ontem, 1987, parece estar fatalmente destinada à eternidade...

Abaixo, cenas finais de Carmen no Metropolitan hoje, ontem e sempre...




PS: O autor da postagem adverte que, ao contrário de Nietzsche, volúvel, ama a Parsifal na mesma medida em que ama a Carmen. Cada qual em seu quadrado...

quinta-feira, 26 de maio de 2011

sexta-feira, 22 de abril de 2011

COELINHO DA PÁSCOA, QUE TRAZES PRA MIM?

Depois da ilustre visita de Lord Vader desejando um feliz dia dos pais em 2010, chegou a hora do coelho branco sair de sua toca para trazer sua sempre singela mensagem cristã...

FEED YOUR HEAD!!!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

terça-feira, 29 de março de 2011

VERSANDO COM A HISTÓRIA

Quem não sabe da história
Não tem o que contar
A história que se vive
É aquela de acolá
Quem sabe do que falo
Versa comigo cá



Ele quis fazer do mundo
Algo novo de se ver
Acreditava na comuna
Seja lá o que venha ser
Morreu por uma causa
E por tiros, é bom dizer!



O mundo se faz de gente
Que é orgulho de se ver
Um é o gênio do silêncio
O outro na paz fez seu viver
O que Chaplin fez sem som
Ghandi fez com saber



A Guerra Mundial
Acabou nesse escrever
Depois da Rosa atômica
O Japão foi só sofrer
Mas saíram das cinzas
E voltaram a crescer



A humanidade acontece
No grão que você vê
O planeta meu amigo
É irrelevante pode crê
E você se acha tanto
Mas tão pouco pode ser



O papa e o monstro
Se encontraram pra se ver
Um, nega o acordo
O outro, não quer dizer
Pra manter sua riqueza
Eles tem que se entender




O Mengo é hexa
O São Paulo também
Eu amo o Tricolor
E pro Mengo digo Amém
Duodecacampeão?
Só eu meu bem



Esse passo fez da gente
Algo nobre de encarar
Mas pisar na lua meu irmão
Não fez ninguém ganhar
Em guerra ainda estamos
E o astronauta quis voltar



Ele faz com as pernas
O Mundo sonhar
A humanidade se redimi
Vendo o moço dançar
Ele é a prova certa
Que Deus sabe bailar

sexta-feira, 18 de março de 2011

segunda-feira, 7 de março de 2011

JACARÉ: O GÊNIO!



Nos últimos dias o genial Radiohead lançou seu mais novo disco, "The King Of Limbs". Ainda não sei muito sobre o disco, apenas uma rápida audição mostrou que a banda continua na mesma linha dos álbuns anteriores (isso é bom, apesar de desgastar depois de um tempo). Mas vamos aos fatos, a postagem não é sobre "The King Of Limbs" em si. Junto ao disco o Radiohead lançou um clip, da música "Lotus Flower", onde Thom Yorke dança loucamente, como se Ian Curtis (Joy Division) estivesse ali no corpo da criatura. Todo mundo adorou, achou engraçado, ou simplesmente achou fantástico, afinal é Radiohead...blá blá blá.

O mais legal ocorreu quando o blog da Revista Alfa (Abril) chamou alguém especializado para comentar a tal dança estranha de Yorke. Jacaré, ele mesmo, foi o "escolhido", cheio de técnicas que ultrapassam a simples dança da garrafa o dançarino (ou seria bailarino?) dá até pitaco na iluminação do vídeo. Abaixo segue a entrevista. Antes de tudo já digo: Jacaré é Gênio!

O que achou da dança de Thom Yorke?
É intuitiva… faz o que está sentindo, o que está cantando. Tem ritmo, pelo menos. Ele faz o que vêm à cabeça. Mas não é coreografada, né? Se ele for querer repetir, não vai sair da mesma forma. A não ser que ele imite o próprio vídeo depois.

Algum ponto a melhorar na performance?
Não, não… porque na verdade ele não dança. Ele se movimenta, ele se mexe em relação à melodia. E esses movimentos falam sobre se libertar, sobre flores, sobre o coração. Então ele está sentindo o que está cantando e quis mostrar isso de alguma forma.

Você dançaria esse tipo de música?
Dançaria sim, dependendo do ambiente. Não sou muito de eletrônica, de rave, mas chego em eventos que tem esse som e aí vou também por instinto. Começo alguma coreografia, jogo braço, jogo cabeça… só sentindo a música.

Acha que Thom ficou natural no vídeo?
Sim, sim… ele sente o teclado, a bateria, a guitarra. Achei a iluminação bastante interessante. Tudo ali tem um significado, mas mais pra ele do que pra quem está assistindo. Cada um vai interpretar de uma forma. E provavelmente não tem coreógrafo mesmo, só um diretor de cena.

Conhecia Radiohead? O que achou de “Lotus Flower”?
Não conhecia a banda, só de ouvir falar. Achei “Lotus Flower” muito boa… gostei do preto e branco no clipe. Ele tá falando de flores e, com esse preto e branco, parece que é uma flor que ainda vai florescer.

Conseguiria coreografar “Lotus Flower”?
Dá pra coreografar sim, todas as músicas! Essa é um pouco difícil, indicaria pra quem tem uma formação de jazz, balé ou dança contemporânea. Eu não fiz curso, comecei com a dança de rua de Salvador, que é completamente diferente da dança de rua do Rio e São Paulo. Dançava Axé, pagode baiano e com o tempo tive que aprender um pouco de técnica, principalmente a contagem da música. A coreografia era sempre em cima da letra. Então se a letra disser: “vou pegar o telefone pra ligar pro Marcos”, tem que ter ali o movimento. Mas quando comecei a trabalhar também com a contagem da música, facilitou até pra decorar os passos.

Sensacional. No fim os repórteres (Júnior Bellé e Marcos Lauro) colocaram os dois vídeos, o "tal" do Radiohead e um do É O Tchan e fecharam tudo de forma brilhante:

"Agora, compare os movimentos frenéticos de Thom Yorke com a técnica apurada de Jacaré".

***Felipe, se quiser aprender com Thom Yorke é só seguir o esquema abaixo. Os passos do Jacaré você já sabe.


domingo, 27 de fevereiro de 2011

A IMPRENSA, A CORTESÃ, O MEU SONO E MINHA POUCA INSPIRAÇÃO



A imprensa, como se sabe e com o perdão da má palavra, é uma espécie de puta gostosa que você paga pra falar que você é “o cara” na cama. Mas se você não paga ou trata mal meu amigo...é melhor você sumir, porque você tá frito. Por isso que o poder está tão perto das cortesãs como da imprensa. O potencial de estrago dos dois é enorme.

Mas esse meu preâmbulo “cafa” e sem inspiração nenhuma, foi só para vocês se atentarem a matéria da TV Cultura fazendo propaganda do governo de São Paulo que coloco nesse post. Esse tipo de matéria é muito comum no Acre e em vários locais do Brasil onde a noticia é fabricada pelo poder. E o poder, como se sabe também, adora receita de bolo, né não? Em grandes centros, esse tipo de matéria as vezes é dificil de identificar diante a avalancha noticialesca que estes locais prduzem. O legal dessa matéria é que ela foi contestada no ar pelos convidados. Vale dar uma olhada.

No Acre, que eu conheci mais de perto, matéria de seminários de blá blá blá e reuniões do governador com “a esposa do assessor do vice-consul do Nepal no Brasil” falando num possível intercâmbio na área do “não sei o que”, é praxe. Jornal impresso então é escandaloso. Eles reproduzem release da imprensa oficial num cópia e cola sem noção, que a mesma pauta chega a ser tratada com o mesmo texto e os mesmos erros de português nos quatro jornais mais lidos do Estado.

Pois é... agora seria o momento que um escritor razoável faria uma graça finalizando o texto, pegando a imprensa e a putaria, dando um sentido a comparação que ele não conseguiu dar ao longo do mesmo e fechando com chave de ouro. Mas como nem razoável eu sou e não tô com o minimo de inspiração pra terminar isso aqui, morrendo de sono eu...zzzzzzzz

domingo, 6 de fevereiro de 2011

AHHH! ESSES OLHOS VERDES...



A violência contra a mulher possui diversas faces. O processo de destruição psicológica e física é tamanha, que à agredida chega ao cúmulo de pensar "Ok? Eu mereço apanhar".

Esse vídeo engraçado mostra alguns sinais comuns desse problema: o agressor solto apesar do mandato de prisão, a violência contra mulher endêmica nas classes menos favorecidas e o alcoolismo. O resto é bom humor, buniteza e um grito de "Eu mereço mais". AH! Esse sorriso bonito...

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

AS NUANCES DO NOSSO PRECONCEITO



Pessoas queridas do meu pulmão, não é exatamente da nossa laia o hábito de publicar nesse espaço, textos que não sejam de nossa autoria. Mas, ora ou outra, surge algumas pérolas que dizem exatamente o que queremos dizer e no estilo que sempre escrevemos. Ou seja, nos copiam descaradamente.

O último plagiador sem vergonha foi o ótimo Antônio Prata que, numa crônica publicada ontem na FOLHA, sintetizou muito bem por onde anda o nosso preconceito nestes novos tempos de mudanças sociais no país. O Prata vem se destacando ultimamente como um dos maiores cronistas da nova geração, quase tão bom quanto o Tadeu., o Vinícius e o Glauco.
Deliciem-se e, se possível, olhem na cara do seu preconceito...

O AEROPORTO TÁ PARECENDO RODOVIÁRIA

O funcionário do supermercado empacota minhas compras. A freguesa se aproxima com sua cesta e pergunta: "Oi, rapazinho, onde fica a farinha de mandioca?". "Ali, senhora, corredor 3." "Obrigada." "Disponha."

A cena seria trivial, não fosse um pequeno detalhe: o "rapazinho" já passava dos quarenta. Teria a mulher uma particularíssima disfunção neurológica, chamada, digamos etariofasia aguda? Mostra-se a ela uma imagem do Papai Noel e outra do Neymar, pergunta-se: "Quem é o mais velho?", ela hesita, seu indicador vai e vem entre as duas fotos, como um limpador de para-brisa e... Não consegue responder. Infelizmente, não me parece que a mulher sofresse de uma doença rara. Pelo contrário.

A infantilização dos pobres e outros grupos socialmente desvalorizados é recurso antigo, que funciona naturalizando a inferioridade de quem está por baixo e, de quebra, ainda atenua a culpa de quem tá por cima.Afinal, se fulano é apenas um "rapazinho", faz sentido que ele nos sirva, nos obedeça e, em última instância, submeta-se à tutela de seus senhores, de suas senhoras.

Nos EUA, até a metade do século passado, os brancos chamavam os negros de "boys". Em resposta, surgiu o "man", com o qual os negros passaram a tratar-se uns aos outros, para afirmarem sua integridade. No Brasil, na segunda década do século XXI, o expediente persiste.

Faz sentido. Em primeiro lugar, porque persiste a desigualdade, mas também porque todo recurso que escamoteie os conflitos encontra por aqui solo fértil; combina com nosso sonso ufanismo: neste país, todo mundo se ama, não?

Pensando nisso, enquanto pagava minhas compras, já começando a ficar com raiva da mulher, imaginei como chamaria o funcionário do supermercado, se estivesse no lugar dela. Então, me vi dizendo: "Ei, "amigo", você sabe onde fica a farinha de mandioca?", e percebi que, pela via oposta, havia caído na mesma arapuca. Em vez de reafirmar a diferença, reduzindo-o ao status de criança, tentaria anulá-la, promovendo-o ao patamar da amizade. Mas, como nunca havíamos nos visto antes, a máscara cairia, revelando o que eu tentava ocultar: a distância entre quem empurra o carrinho e quem empacota as compras.

"Rapazinho" e "amigo" -ou "chefe", "meu rei", "brother", "queridão"- são dois lados da mesma moeda: a incapacidade de ver, naquele que me serve, um cidadão, um igual. Não é de se admirar que, nesta sociedade ainda marcada pela mentalidade escravocrata, haja uma onda de preconceito com o alargamento da classe C, que tornou-se explícito nas manifestações de ódio aos nordestinos, via Twitter e Facebook, no fim do ano passado.

Mas o bordão que melhor exemplifica o susto e o desprezo da classe A pelos pobres, ou ex-pobres que agora têm dinheiro para frequentar certos ambientes antes fechados a eles, é: "Credo, esse aeroporto tá parecendo uma rodoviária!". De tão repetido, tem tudo para se tornar o "Você sabe com quem está falando?!" do início do século XXI. Se o Brasil continuar crescendo e distribuindo renda, os rapazinhos, que horror!, ganharão cada vez mais espaço e a coisa só deve piorar. É preocupante. Nesse ritmo, num futuro próximo, quem é que vai empacotar nossas compras?

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

E AGORA BONNER... A CULPA É DE QUEM?

Meu queridos, deêm uma olhada na manchete do O GLOBO de hoje (13/01)

Lula não mandou dinheiro para prevenção. Lula não mandou dinheiro para contenção de encostas e, só “agora”, a presidente Dilma Rousseff autorizou o repasse de R$ 780 milhões para recuperar áreas destruídas no Rio de Janeiro e em São Paulo.

As organizações GLOBO, numa pincelada só, acabam de colocar nas costas do Lula mais de 400 mortes.Percebem?
"Ok Felipe, mas isso é do feitio deles mesmo", diriam vocês.

Tudo bem, concordo! Mas como a realidade é uma danada que vive ficcionando a vida da gente, peço a atenção de vocês pra mais uma dessas ironias da dita cuja. Leiam, por favor, essa matéria do último dia 20 de outubro, retirada do ótimo Conversa Afiada, versando sobre onde foi parar parte do dinheiro destinado a contenção de encostas no Rio de Janeiro.(se tiver pequeno, clica na imagem que ela abre maior)



Leram? Então pensemos juntos agora no elo entre as “coisas que coisam” o mundo: em outubro passado, a Prefeitura e o Estado do Rio de Janeiro repassam 130 milhões de Reais para as Organizações Globo. Parte desses milhões, como diz a matéria, são para conter encostas e previnir esse tipo de tragédia. Em troca, um mês depois (vocês hão de se lembrar), as Organizações Globo clamam para os sete ventos a VITÓRIA do Estado do Rio de Janeiro sobre a violência. Finalmente chegou o dia que VENCEMOS O CRIME e invadimos o Alemão! Não é isso que a Globo vem te vendendo desde então?

Pois bem... continuem comigo: aí, quando a região serrana do Rio vem abaixo num cataclisma geológico-hidrológico-político, passando o rodo em todas as áreas de ocupação suicida que os municípios autorizam ocupar desde sempre e quando parte do dinheiro destinado a prevenir essa tragédia, o governo do Estado resolve desviar pra construir museus nas mãos da Globo, faz com que os Marinho não tenham muito quem culpar... ai sobra pra quem? Já que a Dilma ainda nem esquentou seu trono e, como todos sabem, apontar Sérgio Cabral e São Pedro como culpados é blasfêmia... vai no Lula mesmo que tá fora de jogo. BINGO!


Tá aí, mais uma boa mentira construída pra entreter e confundir nossa cabeça. Ah! se eu pego esse mundo real...

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

UMA LASQUINHA DA HISTÓRIA


Povo invadindo o gramado do Congresso na posse da Presidenta Dilma

Ok! Não votei nela no Primeiro Turno e nem em ninguém. Já estava em Brasília, longe do meu “curral” eleitoral. E mesmo se pudesse, não teria votado. Mas no Segundo Turno eu votaria se estivesse no meu Acre. Mas também não estava lá pelo mesmo motivo do Primeiro Turno. Entretanto, o fato é que acompanhar a posse da primeira mulher a assumir a presidência do Brasil e se despedir do, para esmagadora maioria de brasileiros, melhor presidente que o país já teve, é emocionante. A sensação é de estar tirando uma lasquinha da história.

História essa que julgará, com a frieza da distância, a nossa geração e nossos governantes. Hoje, já que não consigo olhar lá da frente e de minha confortável posição de estilingue, tenho várias pedras pra jogar na vidraça do governo Lula. No entanto, buscando entender os limites do poder, de como ele é exercido há séculos no Brasil e por tê-lo acompanhado direto da ponta do Brasil (ops!), a “presidência operária” trouxe ganhos reais pra quem precisava e deixou ganhando quem sempre ganhou. Como antes só o segundo que se dava bem... vai saber se a arte de quiabar governar não esteja justamente em agradar todo mundo, sem nenhuma ordem mudar?

E o fato de hoje termos uma mulher na presidência do Brasil, representa um salto na luta pela igualdade de gênero nesse país que é tão arraigado a tradições machistas de constante desrespeito aos direitos e as vontades das mulheres. SENSACIONAL!

Em terras latinas de "raízes masculinas", temos as duas maiores nações da América do Sul governada por mulheres: Brasil e o Flamengo...ah! Tem a Argentina também...ehehe! Parabéns mulherada!

A mulher do Brasil
É orgulho que temos
Presidente do país
Fomos nós que pusemos
E elas gritam por ai
-Sim, nós podemos!


Após o juramento e o discurso no congresso, a Presidenta Dilma passa em carro aberto a caminho do Palacio do Planalto para receber a faixa presidencial do Presidente Lula.


Presidente Lula descendo a rampa e se despedindo do Palácio do Planalto, acompanhado pela presidenta Dilma.