quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

SERÁ QUE EU VOU VIRAR BOLOR?


Venho pensando se estou perdendo a essência da minha geração. Cada disco, filme ou série baixada 3 meses antes de seus lançamentos me geram prazeres momentâneos e questionamentos eternos:Será que perdi meu romantismo? Será que me tornei um ser técnico, mecânico? Será que eu vou virar bolor?

Todos meus jornalistas preferidos possuem blogs, com calorosas discussões diárias. A modernidade permite isso. Permite também que eu não seja uma pessoa indignada ao ler o Rio Fanzine numa página minúscula de “O Globo”...e isso é um problema, pois nunca me imaginei sem as duas páginas centrais do Rio Fanzine no Segundo Caderno de “O Globo” de domingo nos esquecidos anos 90...será que eu vou virar bolor?

Acho maravilhoso ouvir a BBC Radio 1 e seus programas de rock independente nas segundas a noite. Ouvir os lançamentos no “tempo zero” que a NME Radio faz...mas te digo uma coisa: sinto falta da Fluminense FM, com todos os seus erros e atrasos ela foi inigualável pra mim, mas venho lembrando pouco dela...será que eu vou virar bolor?

Quando vejo a programação da Mtv com seus talk shows e suas gincanas pra ver quem beija quem não consigo mais ser crítico...o que a Mtv fazia o Youtube faz, e o melhor você só vê o que você quer, diriam alguns. Mas eu te digo: nenhum programa me influenciou e me provocou sensações inigualáveis como o Lado B...mas hoje tudo está ao nosso alcance em um clique e o Lado B nem existe mais...será que eu vou virar bolor?

Os jogos do Flamengo na TV aberta, sportv, premiere e afins me fazem, por hora, esquecer os VTs dos principais jogos da rodada que passavam na TVE as 10 da noite com narração de Januário de Oliveira...será que eu vou virar bolor?

E os desenhos? Ahhh, os desenhos...venho esquecendo o nome de meus personagens preferidos...será que eu vou vira bolor?

Sei de toda essa história que o “espaço é um verdadeiro campo de forças com aceleração desigual e com uma evolução não idêntica” como disse Milton Santos. Sei, pois vivo intensamente esse espaço e sociedade, mas te digo o espaço atual às vezes me causa angustia.

Queria apenas ir ao Cine Baronesa, ouvir um disco, tomar uma cerveja e depois namorar.
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*** “Será que vou virar bolor?” é uma música de Arnaldo Baptista, o mais brilhante mutante, que encontra-se no clássico disco “Loki?”, de 1974.

“Hoje eu percebi...Que venho me apegando às coisas...Materiais que me dão prazer...O que é isso, meu amor?...Será que eu vou morrer de dor?O que é isso, meu amor?...Será que eu vou virar bolor?Venho me apegando ao passado...E em ter você ao meu lado... Onde é que está meu rock'n'roll?”


Tenho me perguntado muito onde está meu rock n’ roll...será que eu vou virar bolor?


Postagem publicada originalmente em 26 de fevereiro de 2008

4 comentários:

Vivi disse...

Picaretas queridos, foi um pecado o conteudo de vocês terem evaporado no ar, isso é unanime, mas confesso que tá sendo um barato vivenciar alguns textos que eu, recente admiradora da picaretagem alheia, não conhecia. São coisas atemporais.Legal!

Felipe disse...

A idéia é essa Vivi.... reviver pra quem não viveu!!!
Tem muita coisa boa....pode acreditar! Aos poucos vamos colocando..

Anônimo disse...

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Luciana Ribas disse...

Chuif... Uma lágrima de nostalgia pelo Lado B... :o(