sábado, 24 de abril de 2010

ENGANO

VERDADES DEFINITIVAS DE UM TEMPO TRANSITÓRIO XIX

Em tempos de "subliminaridade descarada", não custa nada lembrar...

"Quem confunde liberdade de pensamento com liberdade, é porque nunca pensou em nada." Millôr Fernandes

quarta-feira, 21 de abril de 2010

SUBLIMINAR OU DESCARADO MESMO?



Vocês viram isso? A mensagem de 45 anos que a Globo fez comemorando seu aniversário com o jargão (mais, mais, mais) e a mesma fonte ao escrever 45 do candidato Serra 45. Obviamente que de tão descarado, a Globo foi obrigada a tirar a vinheta do ar.
É meus amigos, as cartas estão sendo dadas, os lados já estão mais visíveis e alguém tem dúvida do que ainda virá por ai?

segunda-feira, 19 de abril de 2010

TILÓPTIUM YEAH! YEAH! YEAH!

Eu duvido que você saiba, de cabo a rabo, a letra das músicas que você costuma cantarolar. Duvi-de-o-dó! E aposto também que muitas vezes você não entende a letra de muitas músicas que tá cantando e joga algum remendo de palavras que nada tem a ver com a canção, mas que tem uma sonoridade parecida.... né não?

Talvez você não saiba, mas o que estás cometendo é um virundum. Virun... o que Felipe? Isso mesmo! O virundum é quando a pessoa troca alguma parte de uma música por palavras que se parecem mas que não tem nada haver com o contexto e então fica aquela coisa meio estranha e engraçada. O nome virundum vem do nosso Hino Nacional... ou vocês nunca viram alguém cantar o "Ouviram do Ipiranga" trocando por "O virundum piranga"

Tem até quem se dedica em colecionar virunduns vejam vocês. Vou listar abaixo alguns exemplos enquanto nos divertimos. Assim nós matamos dois coelhos com "uma caixa d'água só".

Quando Adoniran cantava...
"Saudosa maloca, maloca querida Dim dim donde nóis passemo os dias feliz de nossa vida"
O mineirim tavam mais preocupado com o tempo...
"Saudosa maloca, maloca querida 'tempim bom qui' nóis passemo os dias feliz de nossa vida"

Já o Cidade Negra cantava desse jeito:
"Você não sabe o quanto eu caminhei, pra chegar até aqui. Percorri milhas e milhas antes de dormir"
Já um tarado ouviu assim...
"Você não sabe o quanto eu caminhei, pra chegar até aqui. 'Perfurei minhas virilhas' antes de dormir"

E a Elis que cantava lindamente Como nossos pais...
"Mas é você que ama o passado e que não vê..."
Mas eu e você (pode admitir!) cantávamos assim...
"Mas é você 'que é mal passado' e que não vê..."

E no samba temos também exemplos, como o do Salgueiro de 1993
"Oi, no balanço das ondas, eu vou / No mar eu jogo a saudade, amor / O tempo traz esperança e ansiedade / Vou navegando em busca da felicidade"
Já a viúva do milico...
“Oi, no balanço das ondas, eu vou/ ´O Marechal da Saudade’, amor...”

E na roda de violão o violeiro cantava
"... Na madrugada a vitrola, rolando um blues / Tocando B. B. King sem parar."
E você querendo comer a menininha do lado, já logo pensava
"... ‘trocando de bikini’ sem parar..."

E a Ivete Sangalo saia pulando (ops!) cantando:
”A minha sorte grande foi você cair do céu”
E eu que saio do chão mesmo, entendi literalmente...
“A ‘meia saltitante’ fez você cair do céu”

O Rappa com suas músicas politicamente engajadas dizia assim:
”A minha alma tá armada e apontada/ Para cara do sossego! / (Sêgo! Sêgo! Sêgo! Sêgo!) / Pois paz sem voz, paz sem voz / Não é paz, é medo!”
Mas suspeito que meus pais e meus avós não tem nada a ver com isso...
“A minha ‘arma’ tá armada e apontada/ Para cara do ‘suspeito’! ’(Peito! Peito! Peito! Peito!) Pois pais sem vós, pais sem vós Não é paz, suspeito!

O Djavan é o rei do Virundum. Eu tenho uma teoria que ele constrói suas músicas encima de virunduns, só pode ser. Vejam o exemplo abaixo:
“Açaí, guardiã, zum de besouro um imã / Branca é a tez da manhã”
E se tudo é um virundum, me perdoem porque sempre cantei assim...
“Açaí, guardiã, zum de besouro um imã / ’Talvez às dez da manhã’

E o pagodão! Não pode faltar...
“Lá vem o negão, cheio de paixão, te cata, te cata, te cata... querendo pegar todas menininhas, nem coroa ele perdoa não..."
Ai o negão veio...
“Lá vem o negão, cheio de paixão, te cata, te cata, te cata... querendo pegar todas menininhas, ´demorô ele pegou o anão´”...
Ah! Ah! Ah! Essa é muito boa!

E pra você que não entendeu o título da postagem, eu chamo os Beatles pra te explicar...
She loves you Yeah! Yeah! Yeah!
She loves you Yeah! Yeah! Yeah!
Há quem cantava:
Tilóptium Yeah! Yeah! Yeah!
Tilóptium Yeah! Yeah! Yeah!

Isso é muito bom! SENSACIONAL!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

COM AÇÚCAR, COM AFETO



Pra desgosto do Fidel, eu me lembrei que antes da nossa "amnésia coletiva" eu estava resgatando as músicas do Chico e contando um pouco de sua história. E pra retomar relembro a vocês de Com açúcar, com afeto do segundo disco de Chico em 1967, chamado de volume 2. Nessa música é primeira vez que ele canta no feminino, a partir de um pedido da Nara Leão que, segundo ele, gostava de cantar músicas "onde a mulher fica em casa chorosa, e o marido na rua, farreando." Hoje o que parece normal ele cantando no feminino, naquela época era inconcebível um homem cantando como se fosse a mulher. Por isso mesmo, para que a música pudesse entrar no disco, teve que convocar a cantora Jane que, com seus irmãos formavam os Três Morais e que participaram da música Noite dos Mascarados do mesmo disco. A música é deliciosa e ainda hoje atual, retratando a vida de muitas relações amorosas até hoje.

Com açúcar, com afeto
Chico Buarque, 1967

Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa, qual o quê!
Com seu terno mais bonito, você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa
Você diz que é um operário, sai em busca do salário
Pra poder me sustentar, qual o quê!
No caminho da oficina, há um bar em cada esquina
Pra você comemorar, sei lá o quê!
Sei que alguém vai sentar junto, você vai puxar assunto
Discutindo futebol
E ficar olhando as saias de quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol
Vem a noite e mais um copo, sei que alegre ma non troppo
Você vai querer cantar
Na caixinha um novo amigo vai bater um samba antigo
Pra você rememorar
Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão, qual o quê!
Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração
E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado
Como vou me aborrecer? Qual o quê!
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

CORDEL DA CIDADE ENCHARCADA



O Rio de Janeiro
É a cidade maravilhosa
Mas quando a chuva cai
Não há alguém que possa
A cidade fica alagada
- Essa ocupação é uma joça

Os morros da cidade
São ocupados sem sermão
Seja rico, seja pobre
Ninguém liga pra isso não
Rico sobe pela vista
Pobre sobe por exclusão

E no asfalto meu amigo
A água não tem escolha
Isso parece uma bacia
- Nesse ralo tem uma rolha
Famílias perdem suas casas
Não tem abrigo que acolha

Mas a chuva veio forte
Choveu mais que um baldão
Não chovia desse jeito
Fazia já um tempão
Mas isso não é desculpa
- Tem culpa nesse pirão

A ladainha é sempre a mesma
Logo vão pra televisão
- Eu faço isso, eu faço aquilo
- Isso não é da minha gestão
- Tá faltando boa vontade
- A culpa é do Dom João!

Mas o povo também não ajuda
Usa a rua como lixão
A culpa é de todo mundo
Vamos buscar a solução
Quem sabe agora em outubro
Alguém acredita em eleição?

domingo, 4 de abril de 2010

A MERDA É A MESMA, SÓ MUDAM AS MOSCAS


A vá! Você já viu essa novela antes... não adianta negar! Lembram das bombas químicas do Saddam que a C.I.A inventou que tinha no Iraque? E que por causa dessa "mentirinha", justificou invadir o país do Oriente Médio e degolar o Saddam? Pois bem, e não é que já vai rolar um Vale a Pena Ver de Novo.

Agora o mote é o Irã e o Taleban. Neste feriado pude ver a noticia na net mostrando que começam a preparar "o clima". A notícia diz que segundo "uma nova agência de inteligência militar dos EUA" (A C.I.A tá queimada, vamu combinar!), o Irã estaria fornecendo armas e treinando homens para a milícia Taleban com o intuito de resistir a ocupação da OTAN no Afeganistão. Pronto, tá armado o circo.

Mas a realidade (ah essa danada!) diz que o Irã xiita não se bate com o Taleban sunita e que a informação é carregada de senões. Mas como a verdade é uma bobagem, as mentiras são bem mais emocionantes ($$$) e nós ocidentais achamos que "da Europa prá lá é tudo China", qualquer historinha pega né não?.

Pois é meus amigos, esse é mais um capítulo da eterna política dos EUA de ditador-de-país-que-tem-petróleo-é-bom-...-se-tiver-do-nosso-lado-é-claro. Se eu sou o Ahmadinejad, eu trato de aprender enriquecer urânio logo que pelo jeito o Presidente Nobel da Paz tá pra guerra.

Como já dizia um amigo: a merda é a mesma, só mudam as moscas.

"A VOI LA BUONA PASCUA!!"


E do alto de meu ateísmo, deixo à vocês uma arrebatadora procissão de páscoa... A ópera é “Cavalleria Rusticana”, que traz na santa celebração um de seus elementos centrais. Sicília... Pedaço de terra encerrado em sua própria natureza arcaica e selvagem, eleva sua condição de ilha ao limite extremo de suas possibilidades. Bárbara sob qualquer olhar, costuma ser fatal à quem a desafia. A Sicília de “Cavalleria Rusticana”, do imaginário de todos que já se deixaram viajar em sonhos por aquelas paragens... Bruta em sua intangível ordem secular, tem no choque entre o beato e o mundano sua força maior. O renascimento em Cristo emoldurando a tragédia desenhada, anunciada pela ancestral “vendetta” siciliana. A pequenez humana visceralmente confrontada com a grandeza da ressurreição do Deus-Homem, expressa na dor e despeito da mulher abandonada por seu frívolo amado. “A Te La Mala Pascua!”, diz o ameaçador e desesperado grito de Santuzza, antecipando o inexorável destino que veste de morte o resto de vida que sobra, então, à Turiddu.

Morte-Renascimento-Morte. A dramática tríade que cerca e implacavelmente entrelaça duas cenas tão diferentes quanto belas. Uma das mais célebres óperas entre todas já feitas. Poderoso signo da essência mais profunda desta pequena porção de mundo, não por acaso utilizado como pano de fundo para a seqüência de quase 20 minutos que encerra a trilogia “O Poderoso Chefão”, outra furiosa ode à Sicília primal...

Meu título é apenas uma pequena subversão para acarinhar vocês, Picaretas do meu coração...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

VERDADES DEFINITIVAS DE UM TEMPO TRANSITÓRIO XVIII

"Visitei Xapuri, cidade em que nasci. Reencontrei, confluentes, em doce comunhão, os rios Acre e Xapuri, cúmplices ambos de um remoto devaneio que os anos acabam de me trazer de volta, íntegros. Águas silenciosas que nunca choraram por mim. Nelas, nada mudou. A fluidez é a mesma; mesmo é o remanso, em cujo vagaroso rodeio, até hoje, voltejam as minhas essências. Louvado seja 2003, o ano que me devolveu a minha infância."

Armando Nogueira, jornalista acreano em visita ao Acre em 2003. Dos que já li, é dos poucos que sempre me emocionou.